HARMONIAS E DISSONÂNCIAS

Ontem, dia 30 de agosto, fomos assistir à maravilhosa apresentação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, em comemoração ao aniversário de nossa Uberlândia. Espetáculo primoroso, momentos de puro êxtase. Ficamos sabendo, inclusive, que ela ganhou o prêmio de melhor orquestra do Brasil.

No entanto, o que desejo salientar é outro aspecto. Como boa mineira que sou, cheguei mais cedo; Heg e eu tivemos a sorte de conseguir um lugar bem à frente. E a orquestra estava ensaiando. Após o ensaio, muitos músicos foram preparar-se, tomar uma água ou arrumar o nó da gravata naqueles trinta minutos que antecediam a apresentação. E alguns ficaram ensaiando individualmente.

Foi então que algo me chamou a atenção: oh! que lástima, que dissonância terrível! Tocando individualmente, cada músico ensaiando a sua parte, apesar de ser música, era um som desagradável, dissonante, esparso, parecia um bando de pessoas falando cada qual uma linguagem. Mas depois, quando todos se uniram sob a regência do maestro, todo o esplendor se manifestou... a dissonância se transformou nos acordes harmônicos e potentes,  que elevaram nossos espíritos a outra dimensão em que reina a beleza.

E eu me lembrei de nós, humildes participantes da orquestra da vida. Não queiramos tocar sozinhos, porque isolados somos dissonância. A beleza não está em nós, mas se manifesta em nós, quando nos harmonizamos com os outros seres humanos, para orquestrarmos o amor fraternal.

Claro que, às vezes, há lugar para um solo, para uma apresentação individual, que também emociona e engrandece a humanidade... Tivemos solistas magníficos, como Ghandi, Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, Martin Luther King, Irmã Dulce, Abraham Lincoln e tantos outros cujos acordes de bondade ressoam até hoje em nossos ouvidos... Tivemos solistas na ciência, na literatura, na política, em todas as áreas, além do maior de todos os concertistas (quem sabe o maestro da vida?), que foi Jesus. Mas, quanto a nós, os seres humanos comuns, cabe-nos o papel humilde e grandioso de tocar o nosso instrumento, harmoniosamente, seguindo as diretrizes do Grande Maestro e em harmonia com os demais musicistas, para que possamos emocionar o planeta, com a maior de todas as sinfonias: a sinfonia da paz em um mundo melhor.

Sandra Diniz Costa - 31.08.2012

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