Honestidade e paz interior

Nos tempos atuais, onde tantos fatos desonestos são descobertos e divulgados pela mídia em cadeia nacional, assistimos entrevistas com autoridades e intelectuais discutindo formas de controle e fiscalização.
Embora todos os argumentos expostos pelos entrevistados tenham fundamento e devam ser levados em consideração, nada foi comentado sobre a causa raiz: a falta de honestidade
A honestidade é um valor que começa a ser embasado no caráter humano desde os primeiros anos da sua existência. É na família onde os pais, através do exemplo, plantam esta virtude no solo virgem da personalidade em formação dos filhos.
Permitam-me um exemplo: alguns meninos soltos pela rua de uma pequena cidade onde a maioria das pessoas se conhece, na busca de aventuras. Eles passam ao lado de uma padaria. A porta de acesso ao salão onde estão sendo armazenados os pães de sal recém-assados pelo padeiro, que mal olha para qualquer outro lugar que não seja a entrada do forno. Um deles, atraído pelo cheiro do pão ainda quentinho, entra sorrateiramente e pega um pão. Logo em seguida, todos os outros moleques fazem o mesmo. Ninguém os viu, afinal a porta de acesso é numa rua lateral, sem movimento. A quantidade de pães é tão grande que a retirada de 5 ou 6 nem se fará notar.Um deles porém, vai para casa comendo o pão. Ele encontra seu pai, que pergunta quem comprou o pão e o deu para ele. Ele sabe que o filho não tinha dinheiro para comprá-lo. O menino, sem saída, e por respeito ao pai, conta toda a história. O pai então fala com o filho que aquilo é desonesto e que deve imediatamente corrigir o erro. O filho pergunta como fazê-lo, uma vez que o pão já se vai consumido quase em sua totalidade. E ainda tentando remediar um pouco mais o fato, diz que a retirada daquele único pão nem será notada, pois havia muitos deles. O pai responde que não importa que seja somente um pão ou que ninguém tenha visto ou não vá notar a falta. Ele fez algo desonesto e isto ficará na sua consciência. Então propõe ao menino retornar à padaria para contar ao proprietário que pegou o pão, bem como pedir desculpas pela molecagem e afirmar que o fato não irá mais se repetir. A parte dele seria pagar o pão. Assim foi feito. No retorno para casa o menino ouviu palavras que ficariam gravadas o resto de sua vida na sua consciência: A honestidade é uma virtude que deve ser praticada em todos os momentos da vida. Se ninguém vê, a consciência tudo assiste e é com ela que se que convive diariamente a vida inteira. O menino então compreendeu a profundidade do ensinamento. E na sua vida, sempre que passava por tentações, sua consciência trazia a lembrança daquele fato da infância e o exemplo do pai.
Se a honestidade fosse uma virtude infundida na família, o controle e fiscalização seriam apenas redundâncias para garantir a lisura das coisas. Mas a lei do Gérson é a que prevalece. Se eu posso comprar na rua, que é mais barato, por que comprar na loja? Para comprar ingresso eu tenho que enfrentar fila? Nada disso, compro do cambista. Fila de banco? Nunca! Eu peço o vovô ou a vovó para pagarem as contas para mim, pois eles são preferenciais. E por aí vai... É claro que eu estou falando de uma utopia. Mas quem sabe o ser humano não chega lá. Somos capazes de morar no frio do Ártico ou no calor dos desertos. E por que não somos capazes de ser honestos com nós mesmos? Esse é o grande desafio....

VIDAL, Manoel Dutra
24/03/2012

2 comentários:

professorasandradiniz disse...

Valeu, Vidal! Nesse ponto, Geraldo Luiz nos deixou vários exemplos... espero estar conseguindo transmitir também aosa meus filhos esses valores... coisas como não ficar com o troco a mais, devolver objetos achados etc.

Leninha disse...

É isso aí, meu bem, mandou bem! Beijos.